O surgimento da tecnologia MPLS, há coisa de 20 anos, ajudou a consolidar uma esteira unificada de conexões de tráfego privativas, geralmente usadas em WAN (como x.25, ATM e Frame Relay), através de uma orquestração eficiente desses canais com suporte a protocolos heterogêneos.
O emprego de roteamento “packet switching” proporcionado pelo esquema LBS (em lugar da lenta comutação por cabeçalhos), promoveu um maior dinamismo dos serviços de transporte e uma relativa liberdade da engenharia de tráfego em relação aos planos de controle (control panels) nativos e limitados dos roteadores físicos.
Mas a exigência de roteamento por hardware dedicado na conexão entre a matriz e as filiais permaneceu como herança da antiga WAN ponto a ponto e, portanto, como um obstáculo a ser removido para se chegar a um design de rede compatível com as entregas SaaS e IaaS que passaram a predominar no ambiente.
A solução SD-WAN (Software Defined WAN) emerge nesse contexto, em que os processos de virtualização de servidores e aplicações passam a caminhar lado a lado com a progressiva abstração de hardware e perseguindo um modelo de roteamento não proprietário e agnóstico, isto é: capaz de abarcar indistintamente conexões MPLS, 3G, 4G ou LTE e tendo como padrão de eficiência articulação dessas tecnologias com conexões públicas IP de alta velocidade, baixo custo, maior flexibilidade e disponibilidade.
Entre os requerimentos atendidos pela SD-WAN, o Gartner destaca quatro principais:
- Criação de um caminho suave de substituição dos roteadores WAN tradicionais, independentemente das redes de transporte.
- Ganho de eficiência com carga de tráfego compartilhada em várias conexões WAN.
- Simplificação e automação do gerenciamento complexo de WANs, incluindo supervisão, configuração e orquestração das redes.
- Segurança superior com VPNs criptografadas fim a fim, garantindo integridade de serviços e descarga de tráfego mais próximas das bordas da rede.
Por estas e outras virtudes, a SD-WAN permite uma engenharia de tráfego planejada e implementada em nível de software, através da articulação inteligente dos recursos disponíveis, com o menor investimento possível em upgrades e expansões e com orientação ao negócio.
A estratégia de tráfego volta-se para a eficiência, a fluidez e segurança das aplicações, sempre o mais próximo possível do usuário ou dispositivo, favorecendo dessa forma as novas exigências impostas pelas requisições na nuvem e pela incorporação de BYOD, teletrabalho intensivo e serviços em trânsito.
A SD-WAN também automatiza os processos de ramificação, expansão e conexão de novas filiais (fixas ou temporárias) sem a necessidade de técnicos especializados na reconfiguração da rede e sem exigências de suporte por parte do gestor da WAN.
Este conjunto de diferenciais coloca a arquitetura SD-WAN em sintonia com as tendências de elasticidade da estrutura de processamento, de acordo com as flutuações de demanda típicas da economia baseada em APIs, e em consonância com as operações dinâmicas de oferta e procura de informações de negócio alimentadas por plataformas analíticas.
Além, é claro, da vocação de origem da SD-WAN para o gerenciamento de cargas multimídia, hoje ainda mais imprescindíveis pela massificação da videoconferência nas ramificações, incluindo-se aí o dispositivo de usuário.
Pelos cálculos do Gartner, numa projeção de cinco anos, o emprego de SD-WAN pode representar uma redução da ordem de 40% nos gastos com roteadores, incluindo-se os custos de aquisição, suporte e software de gerenciamento, sem falar na agilidade de processos de implantação, redução dos tempos de parada e ganhos de desempenho de tráfego, que são diretamente relacionados aos resultados de negócio.